O fim de um relacionamento nunca é fácil para ninguém, na grande maioria das vezes, as pessoas que passam por um término relatam que é uma fase muito dolorosa de enfrentar. Essa dor pode ser causada por vários motivos, um deles é o desgaste que a relação passa até chegar a sua etapa final, ou, uma das partes envolvidas ainda tem algum sentimento por aquele que decide terminar, ou, por questões pessoais, que quando mal resolvidas, interferem na relação de um casal. Estes são apenas pequenos e alguns exemplos de questões que podem ser muito mais amplas e profundas, quando se fala em relacionamento e término.
Não raro, as pessoas que chegam ao meu consultório, em estado de sofrimento e dor devido ao final de alguma relação sempre questionam “e agora, como eu faço para deixar de sofrer?”, “como é possível acabar com essa dor tão grande?”, “o que eu tenho que fazer para superar isso?”. Primeiramente é preciso compreender que por mais clichê que pareça essa é uma fase que vai passar. Apesar de parecer óbvio muitas pessoas se desesperam por acharem que essa dor nunca acabará e que elas não sobreviverão a tamanho sofrimento, mas isso não é verdade. A vivência desse fim é compatível a dor de um luto, e como todo luto é uma separação que tem que ser vivida e compreendida, para ser aceita e principalmente superada. Cada um vivenciará de uma forma e em seu tempo.
É importante permitir-se entrar em contato com essa dor, com a tristeza que ela causa, ouvir os medos que ela desperta e focar num diálogo interior, numa observação minuciosa para compreender o que essa dor tem para mostrar e principalmente o que deve ser aprendido após o fim de uma relação. É necessário estar disponível para amadurecer com o sofrimento, para perguntar-se qual o aprendizado deve ser tirado através dos erros cometidos. Por mais difícil que pareça, essas reflexões proporcionarão amadurecimento. É preciso ter coragem para perceber seus próprios erros e crescer com eles, observar atentamente o que precisa ser mudado e que não deve ser repetido em relações futuras. Mas este olhar não pode ser de julgamento e nem deve ter a finalidade de culpar a si mesmo, deve ser um olhar acolhedor, de quem se dispõe com todo cuidado e carinho a corrigir aquilo que não está correto e que pode melhorar. Vale ressaltar que o fim não significa que tudo deu errado, também é importante valorizar aquilo que foi bom na relação, saber que as boas experiências devem ser lembradas e que também trazem excelentes aprendizados. É necessário identificar aquilo que é de sua responsabilidade e aquilo que foi de responsabilidade do outro para não se sobrecarregar de culpas que não são inteiramente suas.
Quando uma relação chega ao fim é importante também se dar um tempo para viver em sua própria companhia, trabalhar o autoconhecimento e digerir as informações que virão a partir daí. Um grande erro é tentar esquecer um amor colocando outro no lugar, a tendência de quem age assim é de continuar repetindo os mesmos erros e se prender em relações desgastantes que sempre culminam em um final mal resolvido. Para curar um coração partido é necessário melhorar o contato com o seu eu interior. Só este contato vai te permitir ficar inteiro o suficiente para vivenciar uma nova relação de forma mais saudável, sem cobranças, sem expectativas idealizadas e de forma mais genuína. Só é possível viver bem com uma outra pessoa quando se é capaz de viver bem e sentir satisfação consigo mesmo.
Para superar uma relação que acabou é necessário tempo, paciência e principalmente dedicação em observar e ouvir a si mesmo. Alguns casos requerem uma ajuda profissional capacitada para acompanhar o processo.
Algumas pequenas dicas podem ajudar a amenizar esse sofrimento e estimular à pessoa que está passando por essa etapa a seguir sua vida e se preparar para novos recomeços.
- Respeite o luto – Toda perda é um tipo de luto, então respeite este momento, permita-se sentir triste, chorar e ficar mais só para superar a dor sentida com o fim da relação;
- Fique com você mesmo – Olhe para quem você é, conecte-se com a sua essência, olhe para si com generosidade e acolhimento e se permita reconhecer-se novamente;
- Use seu tempo livre para fazer as coisas que você gosta – Faça atividades e crie momentos que lhe dão prazer, assista filmes, leia, passeie num parque, enfim… relembre e faça coisas que você gosta e que nem sempre você tem feito para si;
- Pratique exercícios físicos – A prática de atividade física libera substâncias que dão a sensação de bem-estar, é um momento em que você estará cuidando de você e da sua saúde;
- Cerque-se de pessoas que você goste e que gostem de você – Procure estar na companhia de amigos e familiares que querem o seu bem, que vão te ajudar a passar por este momento difícil, irão te colocar para cima e ajudarão você a sentir acolhimento e distrair seus pensamentos de situações ruins ou negativas;
- Afaste-se do contato com o/a ex – Pelo menos nessa fase inicial, de superação, é importante distanciar-se totalmente do outro, isso envolve bloquear whatsapp, redes sociais, deixar de frequentar momentaneamente os locais que vocês iam juntos, pedir para que as pessoas não fiquem falando dele ou dela para você, devolver os objetos do outro que ainda estão com você, guardar e tirar da sua vista fotos ou objetos que façam você se lembrar da pessoa;
- Abra-se para o novo – Procure fazer algo novo em sua vida, pode ser um curso, frequentar uma igreja, fazer um trabalho voluntário, fazer novas amizades. Tente encontrar atividades que te permitam começar um novo ciclo em sua vida, que despertem novas sensações;
- Não se envolva em um novo relacionamento – É importante saber que uma pessoa não pode substituir outra, o melhor neste momento é você entrar em contato com você, reconstruir seu amor próprio, aprender todas as lições que este término pode te trazer e só após isso pensar em se relacionar com uma nova pessoa. É um erro terrível tentar uma nova relação apenas para suprir nossas carências ou para afastar o medo da solidão. Fique bem com você, sinta-se inteiro e aí sim estará preparado para receber uma nova pessoa em sua vida.
Lembre-se que estas são apenas algumas dicas que podem ajudar a enfrentar este momento difícil. Mas é importante ter consciência que em alguns casos uma ajuda específica como de um profissional psiquiatra ou psicólogo será necessária para trabalhar as questões mais profundas ou aquilo que uma pessoa não consegue trabalhar sozinha. O importante é saber que essa travessia, apesar de ser uma vivência totalmente individual e subjetiva, não precisa acontecer de forma solitária. Se necessário busque ajuda, se permita enfrentar seus medos, amadurecer e esteja preparado para recomeçar.